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 Quinta do Peru e da Conceição

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Quinta do Peru    ::   Quinta da Conceição

Introdução

quadros a óleo representando António Cremer e esposa

 A cerca de 100 metros de Aldeia dos Irmãos, a estrada de Sesimbra bifurca-se, conduzindo o ramo da direita à Quinta da Conceição, junto da antiga Ribeira de El-rei ou Vala Real. Atravessada a vala, já em terreno do concelho de Sesimbra, encontram-se a Quinta do Zambujo e, mais adiante, a do Peru. As quintas da Conceição e do Peru contam-se entre as propriedades de maior beleza existentes no antigo limite de Azeitão e a sua história envolveu acontecimentos curiosos, alguns dos quais ultrapassaram os da própria região em que estão situadas. Estas propriedades pertenceram a António Cremer (imagem acima), um almirante holandês que veio para Portugal no reinado de D. Pedro II, por ocasião do inicio da Guerra da Sucessão ao Trono de Espanha, como pagador-geral das tropas holandesas, e colaborador com o exército português e, findo o conflito em 1713 pelo Tratado de Utrecht, já no reinado de D. João V, continuou a viver no nosso país, onde exerceu as funções de comissário-geral dos Almirantados das Províncias Unidas e, a partir de 1725, as de intendente da Pólvora do Reino. A indústria da pólvora encontrava-se em Portugal no princípio do século XVIII em tão grande decadência que o tenente-general de artilharia Fernando Chegaras comunicou ao Marquês da Fronteira, numa representação que lhe dirigiu, que nem pólvora havia para se darem as salvas na procissão de Corpus Christi. António Cremer arrematou em 1725 o fabrico da pólvora reedificando as antigas e arruinadas fábricas de Alcântara (1728) e de Barcarena (1729) e modificando todo o seu sistema de funcionamento, que passou a depender de engenhos movidos a bois. Aquelas fábricas, além de se tomarem altamente eficientes, produzindo em 1729 «a melhor pólvora da Europa,,, constituíram «obras sumptuosas e magriíficas», ainda patentes na fábrica de Barcarena e nos vestígios arquitectónicos da fábrica de Alcântara, demolida em 1939.

 Tendo falecido António Cremer, continuou na gerência das fábricas de pólvora D. Catarina Sofia Cremer Van Zeller, sua mulher, a quem foi concedido, tal como ao marido, o titulo de «Intendente da Pólvora do Reino». Não consta que durante o contrato - que devia ter terminado em 1740 e que foi prorrogado até 1753 - houvesse qualquer falta de pólvora nem reclamação alguma nas diversas repartições. O seu cancelamento em 1753 deveu-se exclusivamente ao facto de se julgar mais seguro para a defesa do Reino que as fábricas de pólvora passassem a ser administradas directamente pela Fazenda. A família Cremer era constituída por Antônio Cremer, sua mulher, D. Catarina Sofia Cremer Van Zeller, dois filhos, António Pedro Cremer Van Zeller, que faleceu em 1755 durante o incêndio que se seguiu ao terramoto, e Maurício José Cremer Van Zeller, que herdou os bens paternos. Havia ainda uma neta, D. Catarina Sofia Cremer Van Zeller, filha de Mauricio Cremer, que faleceu sem geração.


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