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 Quinta/solar da Má Partilha

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Aspecto actual do Solar da Quinta da Má Partilha
 Em Vila Fresca de Azeitão, próximo da Aldeia de Castanhos, existiram até há pouco as ruínas do Solar da Quinta da Má Partilha. Foi uma edificação dos fins do século XVII com um pátio nobre, cujo acesso se fazia, até à construção em 1953 do desvio da estrada de Setúbal, por uma azinhaga formada por um muro fronteiro à fachada principal do edifício, ladeado por olmos e freixos entrelaçados com murta e louro. O edifício tinha um vestíbulo quadrado e ladrilhado, que comunicava à direita com a capela e o jardim e à esquerda com os aposentos do feitor e com urna fila de salas, a casa de jantar, as despensas e a cozinha. O primeiro andar era ocupado na sua totalidade pelos quartos dos proprietários e dava para a capela por intermédio de uma tribuna, fronteira ao altar. Aquela dependência apresentava as paredes cobertas de quadros religiosos e esteve ornamentada, durante algum tempo, com três famosos quadros que tinham sido executados pelo célebre pintor Alberto Dürer para os oferecer a Rui Fernandes Almada, antepassado da família dos proprietários da Quinta da Má Partilha e seu grande amigo, que residia em Antuérpia e estava ligado à Feitoria de Portugal naquela cidade. Na frontaria sul do solar existia um jardim formado por uma ala de buxos muito altos, um bonito e copado pomar de laranjeiras, um frondoso plátano e dois grandes lagos. Esta construção pertenceu aos Almadas da Casa da índia, cuja estada em Azeitão se procurará, em seguida, recordar.

As ruinas do palácio da Quinta da Má Partilha, em Vila Fresca A Casa da índia foi, como se sabe, uma instituição destinada a orientar o comércio e a navegação do Oriente e que a partir de 1570 passou a funcionar com o carácter de alfândega. D. João III reformulou os seus regulamentos e entregou a sua direcção a um provedor cujo cargo foi confiado a Fernão Rodrigues de Almada, fidalgo de nobre linhagem, que constituiu o tronco de uma série de provedores da mesma família que ficaram conhecidos pelos Almadas da Casa da índia ou por Almadas da Boavista, por habitarem em Lisboa o palácio do Outeiro da Boavista. O lugar de provedor transmitia-se de pais para filhos e os seus criados recebiam também remunerações por exercerem simultaneamente cargos na Casa da índia. A decadência do comércio do Oriente, as ideias liberais de 1820 e, principalmente, a influência política de Mouzinho da Silveira, provedor da alfândega-geral, promoveram a incorporação da Casa da índia naquela instituição. o último Almada que exerceu as funções de provedor foi o Conde de Carvalhais, José Joaquim Lobo da Silva e Almada. Recorda-se, por curiosidade, que este cargo rendia ainda nesta época a importante soma de 16 mil cruzados e que o feitor da Quinta da Má Partilha, por ser também empregado da Casa da índia, era rico e um dos principais burgueses de Azeitão. A família Almada devia ainda a sua riqueza ao facto de lhe pertencer uma grande parte da Rua das Gaivotas e do Poço dos Negros e possuir vários bens da Coroa e privilégios relacionados com o senhorio de Carvalhais, Ílhavo, Verdemilho, Avelãs e Ferreiro com os seus padroados.

Cristóvão de Almada, um dos provedores da Casa da índia e membro do Conselho do Rei D. Pedro II, casou com D. Luísa de Eça Corte-Real, senhora do morgadio da Quinta das Torres, Tiveram filhos que morreram sem geração; depois do falecimento de D. Luísa, Cristóvão de Almada, consorciou-se com D. Filipa Maria de Melo e passou a viver durante largos períodos em Azeitão. Foi sua filha D. Maria Antónia de Almada, casada com D. Bernardo de Noronha, quem adquiriu em 1696 a Quinta da Má Partilha - cuja denominação se deve, segundo se julga, à irregularidade das suas confrontações - e a juntou mais tarde ao morgadio do Outeiro da Boavista, que possuía em Lisboa, e ao dos Arneiros, que instituiu em Azeitão. Por morte de D. Bernardo, a sua viúva passou a residir permanentemente em Azeitão. Tiveram, entre outros filhos, D. Teresa de Noronha, que enviuvando de D. António de Noronha veio viver com sua mãe, assistindo-lhe à morte, em 1720 e, passando depois para Lisboa, foi a primeira mulher de Sebastião José de Mendonça, mais tarde Marquês de Pombal. A administração de D. Maria Antónia e de D. Bernardo foi tão desregrada que, se não dispusessem de elevados privilégios vinculares, os seus filhos ficariam na miséria. Sucedeu-lhes, na administração da Quinta da Má Partilha, seu filho D. Francisco de Almada, que, tendo nascido em 1700, casou em 1716 com D. Guiomar de Vasconcelos, filha do 6º Conde de Calheta, e faleceu em 1730. A direcção da propriedade - que iniciou quando tinha apenas vinte anos - foi semelhante à de seus pais, não se enchendo de dívidas em virtude dos elevados rendimentos de que dispunha. O inventário feito por ocasião do seu óbito, referido por Joaquim Rasteiro, permite ter uma noção da vida faustosa que fazia e do recheio do seu solar, do qual fazia parte «um leito d'ébano com paramento de damasco carmesim com franjas de ouro - uma colcha de Malabar com matizes de ouro - um cobertor de setim bordado de matizes de ouro - e toda a roupa, tudo da índia».

DO último provedor da Casa da índia foi D. José da Silveira, 15.9 senhor de Carvalhais e Ílhavo, Verdemilho e Avelãs, 1º Conde de Carvalhais. Era um homem baixo, magro e de face avermelhada que arrastava uma das pernas em virtude de uma doença heredo-familiar e que nascera somente com dois dentes, que caíram pouco tempo depois, tornando-lhe a voz entaramelada e confusa, por vezes difícil de perceber. Era um militar valente, muito austero, extremamente amigo da família e muito religioso. Tinha quatro filhos, três dos quais morreram ainda novos, sobrevivendo apenas o Conde José. Foi um convencionado de Évora-Monte, o que limitou muito a sua fortuna e só não conduziu à perda da Quinta da Má Partilha porque seu feitor e grande amigo António de Almeida Sales, que exercia o cargo do vereador em Azeitão, se tomou seu depositário. O famoso quadro «S. Jerónimo» de Dürer, que ornamentou a capela do Palácio da Má Partilha. O Conde de Carvalhais morreu em 1854 e o seu último filho, com quem vivia, faleceu em 1878. A Quinta da Má Partilha e outros bens de Azeitão foram deixados a Alberto James Gomes de Oliveira, um vizinho a quem os Almadas estavam ligados por estreitos laços de amizade.

Recordemos por fim quais os motivos e o destino que tiveram os quadros de Alberto Dürer, que constituíram, na realidade, o mais valioso património do solar da Má Partilha. Um deles representava a ida para o Calvário e foi vendido por 2500$000 réis a Carlos Pernes, que, segundo se pensa, o comerciou em Inglaterra; está actualmente em Nova Iorque. O segundo era o célebre S. Jerónimo, datado de 1521 e assinado com as iniciais -A.D.-, que foi negociado pelo herdeiro do último conde por 1500$000 réis à Academia das Belas-Artes, encontrando-se actualmente no Museu Nacional de Arte Antiga. O terceiro, evocando Jesus, Maria e José, ficou na posse do mesmo herdeiro, ignorando-se o destino que lhe deu.


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