Parque Natural da
Arrábida: Surge a 28 de Julho
de 1976 pelo D.L. nº 622/76. Estende-se
por parte significativa da área
designada cadeia da Arrábida,
que compreende o conjunto de montes
que acompanha o rebordo costeiro meridional
da península de Setúbal;
deste destaca-se a serra da Arrábida,
a sua mais importante elevação
e que constitui o núcleo orográfico
da cadeia.
Porque foi criado
o Parque Natural da Arrábida?
O principal objectivo
da criação do Parque
Natural da Arrábida foi a imperativa
necessidade de conservar a sua Flora
e Vegetação, que constitui
um património natural de importância
internacional.
Quem estudou a
Arrábida antes da criação
do Parque?
Os primeiros elementos
colhidos na literatura datam dos séculos
XVI e XVII, da iniciativa de naturalistas,
entre os quais de destacaram os franceses
Charles de l' Écluse (Clusius)
na passagem por Portugal e Joseph Pitton
de Tournefort que descreveu plantas
desta região (1689).
Nos séculos
XVIII e XIX, deu-se um notável
incremento nas pesquisas florísticas
(herborizações) e nos
estudos sistemáticos (eleboração
de Floras) por botânicos alemães,
o barão de Hoffmannseg e o seu
companheiro J. Link (1797-1806), o
botânico português Brotero
(1811-1828), o naturalista austríaco
Welwitsch (1840-1853) que fez extensas
herborizações na Arrábida
e, já no limiar do século
XX, os naturalistas Daveau (1880-1913),
Moller (1892- ) e o padre Luisier (1900-1901).
A partir dos anos
30 visitaram ou percorreram, descrevendo
ou herborizando, sucedendo a destacados
membros da Sociedade Broteriana, professores,
assistentes, colectores dos Institutos
Botânicos de Coimbra, de Lisboa
e do Porto, do Instituto Superior de
Agronomia e da Estação
Agronómica Nacional.
Durante a década
de 40, destacam-se os trabalhos do
Engº Gomes Pedro.
Alguns trabalhos
desenvolvidos após a criação
do Parque Natural:
Em 1980, o Prof. Catarino
e colaboradores apresentaram um estudo
sobre a dinâmica da vegetação
na Arrábida.
Em 1983, o Engº Gomes
Pedro publica o artigo Novidades Florísticas
da Península de Setúbal
Em 1986, a Engª Fernanda
Calvão apresentou o relatório
final de curso sobre a Vegetação
da Serra da Arrábida.
Em 1990, a Asociacion
Espanola de Fitosociologia, sob a orientação
do Prof. Rivas-Martinez, com colaboradores
portugueses (Profs. M. Lousã e
Carlos Costa), visitam a Arrábida
e criam novas unidades fitossociológicas.
Em 1991, o Engº Gomes
Pedro publica um livro intitulado Vegetação
e Flora da Arrábida.
Em 1993, os Engºs.
Jorge Capelo e Ana F. Almeida publicam Dados
sobre a Paisagem Vegetal do Parque
Natural da Serra da Arrábida.
Como se formou
a cadeia da Arrábida?
O espaço onde
se veio a formar a cadeia da Arrábida
encontrava-se, durante o Mesozóico
(entre 248 e 144 milhões de
anos B.P.), na orla sedimentar ocidental
de Portugal, mais concretamente na
bacia lusitânica. Ao longo desta
ter-se-iam depositado sucessivas camadas
de fácies marinha constituídas
por dolomites compactas, calcários
marinhos, argilas lagunares e argilas
húmicas.
Durante a sedimentação
não houve grandes perturbações
de origem tectónica, havendo
apenas a registar o movimento da crosta
que originou um vale na direcção
N-S e que resultou num diapiro embrionário,
na zona onde hoje se localiza a vila
de Sesimbra.
Depois do Lusitaniano
surgiram os grandes movimentos tectónicos
que iniciaram a formação
do relevo, com uma forte elevação
e consequente erosão das regiões
fronteiras à bacia lusitânica
e uma nova elevação do
diapiro. A fronteira continuou a subir,
do que resultou um relevo muito acidentado.
Durante o Paleogénico,
ou Cenozóico Inferior (entre
64 e 24 milhões de anos B.P.),
deram-se no sector ocidental da cadeia,
em especial no diapiro de Sesimbra,
intrusões vulcânicas.
No Oligocénico
(ou Paleogénico Superior), a
bacia mesozóica foi quase completamente
coberta por um grande mar interior,
em que foram depositados lamas vermelhas,
conjuntamente com calcários
brancos de água doce e ainda
conglomerados e areia.
No Burdigaliano deu-se
nova transgressão: o mar do Miocénico
(há cerca de 24 milhões
de anos) cobriu todo o território
e depositou calcários, argilas
e areias. No Miocénico superior
(ou Helveciano) a área da actual
cadeia foi sacudida por uma forte orogénese
e dobrada num sistema de anticlinais
de eixos paralelos, tendo as estruturas
sido bastante elevadas e fortemente
erosionadas. No Turoniano deu-se nova
regressão do mar, acompanhada
de elevação das estruturas.
No Pliocénico,
ou Cenozóico Médio, a
estrutura da Arrábida sofreu
uma forte aplanação e
só as serras da Arrábida
e de S. Luís apareciam acima
da superfície aplanada, como
montes-ilhas.
Assim, a construção
tectónica da cadeia consta da
estrutura diapírica de Sesimbra,
de origem mais antiga, e do sistema
alpídico de estruturas anticlinais,
de formação mais recente
(anticlinais do Espichel, do Burgau
e do Risco e Solitário).
Relação
bioclimática: Segundo Rivas-Martinez
existem na Arrábida, 2 dos
6 termotipos dos pisos bioclimáticos
mediterrânicos; o termomediterrânico,
cujo indíce de termicidade
[It=(T+m+M); em que T=temperatura
média anual, m=temperatura
média da mínimas do
mês mais friodo ano, M=temperatura
média das máximas do
mês mais quente do ano] está compreendido
entre 350 e 450 e o mesomediterrânico,
cujo índice de termicidade
está compreendido entre 210
e 350.
Flora da Arrábida:
Em consequência dos estudos,
registaram-se até hoje 1450
taxa (espécies e subespécies)
na região designada por sector arrabidense, no qual sobressaem as
espécies de distribuição
mediterrânica (Elemento Mediterrânico)
acompanhadas em algumas áreas,
nomeadamente nas soalheiras e nas
escarpas e arribas marítimas,
pelas espécies macaronésicas
(Elemento Macaronésico) e
noutras, sobretudo nas umbrias, vertentes
expostas ao quadrante norte, nos
covões e ao longo dos cursos
de água (Elemento Eurosiberiano).
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