Parte
integrante da cordilheira que inclui a Serra da
Arrábida, a Serra do Risco acaba abruptamente
sobre o mar, do alto dos seus trezentos metros.
Com a falésia mais alta da parte continental da
Europa, esta serra é também um exemplo do que
teria sido a vegetação original desta área
geográfica - o carrascal.
Este
percurso começa na povoação de
Pedreiras, cujo nome deriva (e isso torna-se
imediatamente óbvio no local) da proximidade de
uma exploração de calcário.
Para
começar o percurso, deve-se contornar a
pedreira pelo lado esquerdo, a princípio
seguindo a linha de alta tensão até um
entroncamento desta com outra, passando então a
acompanhar-se a que segue para a direita. O matagal
mediterrânico que aqui se encontra pode
dificultar a progressão, pois o trilho é pouco
utilizado e está parcialmente coberto por
vegetação. Outro ponto a ter em conta são as pequenas
depressões onde se depositam as poeiras da
pedreira, que, quando chove, se transformam em
autênticas areias movediças. Um pouco mais à
frente encontra-se uma vedação de arame
farpado, que deve ser seguida. Note-se que, a
certo ponto, as areias da pedreira já engoliram
a vedação.
À
medida que se contorna a pedreira, a sensação
da própria pequenez face às dimensões dos
montes de areia e pedras torna-se, desde logo,
avassaladora. No entanto, urna visão mais
englobante da extensão da pedreira só será
possível bem mais à frente.
Mal
a pedreira começa a ficar para trás, o caminho
torna-se mais confuso. No entanto, a progressão
em direcção à falésia, apesar de a
corta-mato, não é complicada. É de lembrar
que será conveniente, sempre que possível,
caminhar sobre as pedras, de modo a reduzir ao máximo
o pisoteio da vegetação. Esta, constitui um garrigue
ou carrascal cuja planta mais
frequente é o Carrasco, arbusto de folhas
brilhantes e aceradas.
Ao
chegar ao cimo, o mar surge em todo o seu
esplendor. A altitude, de mais de 300m, quase não
se nota devido à falta de pontos de referência.
É necessário um olhar atento para confirmar
que as plantas, lá em baixo, que parecem tão
pequenas, são pinheiros adultos bem altos. Do
outro lado, para norte, os campos de cultivo,
num traçado geométrico, contrastam com o verde
escuro do matagal.
O
percurso segue agora por um caminho que
percorre, serpenteante, a crista da Serra do
Risco, passando pelo Píncaro, cerca de um quilómetro
adiante. O Píncaro
(381m), a falésia mais alta da Europa
continental, marcado por um marco geodésico,
é um excelente local para descansar e admirar a
paisagem, tanto de um lado como do outro. Lá em
baixo, acessível apenas por barco, a Praia dos
Penedos convida a um mergulho impossível. No
entanto, a pequenez das gaivotas, meros
pontinhos brancos, alertam para a perigosidade
de uma queda. Daqui, e olhando para trás,
podem-se ver as dimensões da pedreira, cujos
montes de areia e cortes na rocha tomam
um aspecto quase lunar. Seguindo caminho, o
trilho continua para Este, encontrando-se do
lado esquerdo outro trilho muito sumido que deve
ser seguido. Muito íngreme e coberto em algumas
partes pelo denso matagal, este caminho obriga
à máxima prudência. Ao chegar lá abaixo,
poder-se-ia pensar que a parte difícil findou.
No entanto, o matagal é de tal maneira denso e
o trilho tão mal definido, que, para avançar
os cem ou duzentos metros que faltam para os
campos cultivados, se pode demorar algum
tempo. O melhor será deixar o trilho (se é que
se pode considerar um trilho) e avançar a corta
mato, tentando evitar as zonas mais densas.
Alguns regatos temporários, bem como a Ribeira
das Terras do Risco, são igualmente obstáculos
a ultrapassar.
Em chegando aos campos de cultivo, repletos de flores amarelas na
Primavera, deve-se contorná-los (sem os
atravessar) até encontrar, do outro lado, um
caminho de terra batida, largo o suficiente para
um automóvel passar, que se deve seguir para a
direita.
O caminho, agora sim bem mais fácil, segue ao lado dos campos
cultivados,
avistando-se com frequência coelhos, fugindo em
grandes saltos. Com sorte poderá igualmente
surgir uma raposa cruzando o caminho. Mais à
frente, há que virar à esquerda num caminho
mais estreito, de modo a apanhar a estrada
alcatroada. Atenção que existem numerosos
aceiros, sendo difícil distingui-los de um
caminho. Seguindo o trilho, sobe-se em direcção
à estrada, num derradeiro esforço. A seguir,
é sempre por estrada alcatroada, até Casais da
Serra, onde termina este percurso.
Informação
retirada do Guia Percursos Naturais, Forum
Ambiente, 2ªedição
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