transcrição
de um folheto do Parque Natural da Arrábida, Arqueologia
da Arrábida, 1979
Mapa
Geral das estações arqueológicas Os mais antigos indícios
da presença do Homem na Arrábida remontam ao Paleolítico Inferior
(há cerca de 400 000/200 000 anos). No depósito quaternário que
se pode observar à entrada da lapa de Santa Margarida (Portinho da
Arrábida), G. Zbyszewski recolheu alguns artefactos que
fossilizaram o gesto dos primeiros seres humanos que aí habitaram.
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No conglomerado de base da
Lapa de Santa Margarida encontrou-se este robusto instrumento em
pedra, piriforme - cordiforme, cujas arestas, vivas e cortantes,
produzidas pelos recolectores - caçadores paleolíticos, foram
suavizadas pelas vagas e pela vento.
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Os vestígios
pré-históricos mais abundantes são atribuíveis à Idade do Cobre
de que estamos afastados por cerca de 4500 anos. Nesse período
praticava-se a agricultura, a criação de gado e a metalurgia do
cobre. Como resultado do desenvolvimento das forças produtivas e da
divisão social do trabalho acumulam-se excedentes, a densidade
populacional aumenta e surgem as primeiras manifestações de
guerra. Os povoados, em número elevado, implantam-se em colinas
altas com boas condições naturais de defesa que, dominando vales
férteis, se estendem para Norte do núcleo central da serra e
morrem na planície aluvial plio-pleistocénica do Tejo. A
elevação de S. Luís comporta-se como o epicentro desta
ocupação. Rotura, Pedrão, Chibanes, Moinho da Fonte do Sol e
Malhadas são alguns desses povoados.
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A estratigrafia de uma
estação arqueológica comporta-se como o calendário da vida que
nela se processou, permitindo ordenar historicamente os
acontecimentos, com expressão material, ocorridos no local. A
Rotura, infelizmente muito destruída por uma pedreira, foi objecto
de escavações arqueológicas desde o século passado. A sua
sucessão estratigráfica, dada a conhecer pelas escavações de
Carlos Tavares da Silva, é ainda hoje a mais completa para a Idade
do Cobre da Estremadura portuguesa. imagem
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No sopé dos contrafortes
da Arrábida (Quinta do Anjo) foram abertos quatro hipogeus ou
grutas artificiais, na fase de transição do Neolítico para a
Idade do Cobre. Estas sepulturas colectivas tiveram uma utilização
muito intensa durante o Horizonte Campaniforme (última fase da
Idade do Cobre), certamente por populações que habitavam
elevações situadas nas proximidades: Chibanes, Malhadas, Moinho da
Fonte do Sol. imagem
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O monumento funerário da
Roça do Casal do Meio (Calhariz), escavado por K. Spindier e 0. da
Veiga Ferreira, tem cerca de 2800 anos e é, até este momento, o
único testemunho do final da Idade do Bronze encontrado na
Arrábida.
Enquanto os hipogeus da
Quinta do Anjo eram sepulturas colectivas, o monumento da Roça do
Casal do Meio, foi construído para receber apenas um indivíduo.
Este documento arqueológico parece corresponder na região da
Arrábida aos alvores de uma formação social caracterizada pela
crescente organização de uma classe dirigente. imagem
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Os povoados da Idade do
Ferro identificados pertencem ao final deste período (Chibanes e
Pedrão). O melhor conhecido -Pedrão-, habitado anteriormente por
populações pré-históricas (Idade do Cobre), foi objecto de
escavações efectuadas por Joaquina Soares e Carlos Tavares da
Silva. Estes autores identificaram uma ocupação dos sécs. 11-1 a.
C. que designaram por proto-romana e puseram a descoberto um
amuralhado em arco de círculo e casas de planta rectangular
dispostas ao longo do amuralhado. As paredes das casas eram
constituídas por uma base de pedra seca com cerca de 0,40 m de
altura sobre a qual assentava adobe ou taipa.
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Os materiais exumados
testemunham a prática da agricultura, da caça e da recolecção. A
guerra e o comércio estão igualmente documentados através de
pontas de lança e de moedas republicanas e hispânicas. O poder de
compra da população do Pedrão reflecte-se ainda na abundante
cerâmica fina de importação (campaniense). imagem
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A colonização romana
deixou abundantes testemunhos nas margens do estuário do Sado. Esta
ocupação dirigiu-se preferencialmente para zonas planas. A
exploração industrial dos recursos marinhos foi a actividade que
parece ter desempenhado maior importância.
Tróia de Setúbal é o
exemplo mais significativo dessa forma de ocupação. Na área do
Parque Natural da Arrábida, o Museu de Arqueologia e Etnografia do
Distrito de Setúbal iniciou escavações na jazida romana da
Comenda, ameaçada pela acção erosiva do rio. Este estabelecimento
romano, revelou já a existência de estruturas de um balneário e
de tanques de salga de peixe (cetárias). Encontraram-se também
elementos de um mosaico e material em vidro e cerâmica que situam
cronologicamente a estação entre os sécs. I e V d. C. imagem
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